sexta-feira, 22 de março de 2013

Estudo: A Oração de Ezequias Parte I



Isaías 36


1 E aconteceu no ano décimo quarto do rei Ezequias, que Senaqueribe, rei da Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as tomou. 

2 Então o rei da Assíria enviou a Rabsaqué, de Laquis a Jerusalém, ao rei Ezequias com um grande exército, e ele parou junto ao aqueduto do açude superior, junto ao caminho do campo do lavandeiro. 
3 Então saíram a ter com ele Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista. 

4 E Rabsaqué lhes disse: Ora dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que confiança é esta, em que esperas? 

5 Bem posso eu dizer: Teu conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras; em quem, pois, agora confias, que contra mim te rebelas? 

6 Eis que confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada, o qual, se alguém se apoiar nele lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó, rei do Egito, para com todos os que nele confiam. 

7 Porém se me disseres: No SENHOR, nosso Deus, confiamos; porventura não é este aquele cujos altos e altares Ezequias tirou, e disse a Judá e a Jerusalém: Perante este altar adorareis? 

8 Ora, pois, empenha-te com meu senhor, o rei da Assíria, e dar-te-ei dois mil cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles. 

9 Como, pois, poderás repelir a um só capitão dos menores servos do meu senhor, quando confias no Egito, por causa dos carros e cavaleiros? 

10 Agora, pois, subi eu sem o SENHOR contra esta terra, para destruí-la? O SENHOR mesmo me disse: Sobe contra esta terra, e destrói-a. 

11 Então disseram Eliaquim, Sebna e Joá a Rabsaqué: Pedimos-te que fales aos teus servos em siríaco, porque bem o entendemos, e não nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre o muro. 

12 Rabsaqué, porém, disse: Porventura mandou-me o meu senhor ao teu senhor e a ti, para dizer estas palavras e não antes aos homens que estão assentados sobre o muro, para que comam convosco o seu esterco, e bebam a sua urina? 

13 Rabsaqué, pois, se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do grande rei, do rei da Assíria. 

14 Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar. 

15 Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no SENHOR, dizendo: Infalivelmente nos livrará o SENHOR, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria. 

16 Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Aliai-vos comigo, e saí a mim, e coma cada um da sua vide, e da sua figueira, e beba cada um da água da sua cisterna; 

17 Até que eu venha, e vos leve para uma terra como a vossa; terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas. 

18 Não vos engane Ezequias, dizendo: O SENHOR nos livrará. Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria? 

19 Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Porventura livraram a Samaria da minha mão? 

20 Quais dentre todos os deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que o SENHOR livrasse a Jerusalém das minhas mãos? 

21 Eles, porém, se calaram, e não lhe responderam palavra alguma; porque havia mandado do rei, dizendo: Não lhe respondereis. 

22 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista, vieram a Ezequias, com as vestes rasgadas, e lhe fizeram saber as palavras de Rabsaqué. 

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O exército assírio tinha passado sobre a Síria e Israel como um rolo compressor, e depois atacou Judá, conquistou todas as suas cidades fortificadas e cercou Jerusalém. Senaqueribe, o rei assírio, escreveu em suas próprias crônicas que tinha fechado Ezequias (rei de Judá) como um pássaro numa gaiola. A conquista assíria de Jerusalém, capital de Judá, parecia inevitável. Contudo, uma vez que o monarca assírio precisava lutar em outras frentes de batalha, ele preferiu simplesmente intimidar os israelitas para que se rendessem. Ele enviou Rabsaqué, seu principal oficial, a Jerusalém para começar uma campanha de propaganda destinada a persuadir os homens de Judá a desistir sem lutar. Três capítulos registram o discurso de Rabsaqué: 2 Reis 18; 2 Crônicas 32 e Isaías 36.O discurso foi engenhado para motivar os cidadãos de Jerusalém e os dirigentes da cidade a julgar sua situação sem esperança e permitir aos assírios tomar a cidade. 

A tática assíria se parece com as técnicas que Satanás usa conosco em suas tentativas para nos levar a ceder e a servi-lo. 

Observemos as técnicas que Senaqueribe usou com os judeus para ganharmos compreensão de nossas batalhas espirituais modernas.



Exagerou o próprio poder - Os assírios engrandeceram seu próprio poder e grandeza. 

"Então, Rabsaqué se pôs em pé, e clamou em alta voz em judaico, e disse: Ouvi as palavras do sumo rei, do rei da Assíria. Assim diz o rei: Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar. Nem tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo: O Senhor certamente nos livrará, e esta cidade não será entregue nas mãos do rei da Assíria" (Isaías 36:13-15). 



Observe que Rabsaqué chamou o rei da Assíria "o sumo rei". Ele queria que os judeus acreditassem que seu poder era irresistível e portanto entregassem a luta.


Do mesmo modo o diabo procura nos convencer que seu poder é maior do que nossa capacidade de resistir. Exagerando sua força, Satanás nos leva a desculpar nossos atos e a negar responsabilidade pessoal pelo que fazemos: "Afinal, dada a força da tentação, como poderia eu esperar fazer melhor?" Para derrotar a tentação precisamos ver o poder de Deus. 

Como Pedro, quando começamos a olhar para o vento e para as ondas, nós caímos; mas quando mantemos olhos fixos em Jesus, ficamos firmes (Mateus 14:22-33)

"Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31). 

Deus nos equipa para ficarmos firmes e resistirmos aos avanços do diabo: 

"Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo" (Efésios 6:11)

A fé em Deus nos escuda contra "todos os dardos inflamados do Maligno" (Efésios 6:16)

Não há tentações irresistíveis (1 Coríntios 10:13), porque Deus é mais forte do que Satanás: o Senhor é "o sumo rei".



Inverteu a verdade e o erro - Ezequias instituiu amplas reformas na adoração. Ele baniu a idolatria e se opôs à adoração nos lugares altos porque Deus queria que a adoração fosse oferecida somente em Jerusalém (Deuteronômio 12). Senaqueribe usou estas reformas como ponto de partida para atacar e desacreditar Ezequias. Talvez o departamento de inteligência assírio tivesse detectado descontentamento entre os israelitas pelas reformas de Ezequias. Sua oposição a adoração (de ídolos e nos lugares altos) certamente deixou alguns dos judeus se sentindo inseguros. Assim, Rabsaqué argumentou: 

"Acaso, não vos incita Ezequias, para morrerdes à fome e à sede, dizendo: O Senhor, nosso Deus, nos livrará das mãos do rei da Assíria? Não é Ezequias o mesmo que tirou os seus altos e os seus altares e falou a Judá e a Jerusalém, dizendo: Diante de apenas um altar vos prostrareis e sobre ele queimareis incenso?" (2 Crônicas 32:11-12).



Ainda hoje Satanás ataca as tentativas de volta ao padrão de Deus e de oposição a falsa religião. Ele inspira os modernos conceitos de tolerância, segundo os quais todos os caminhos são certos, toda adoração é boa, e toda crença é válida. Ele faz com que aqueles que se opõem a religião humana e a doutrina dos homens pareçam maus sujeitos. O diabo é mestre na arte de chamar de mau o que é bom, e de bom o que é mau (Isaías 5:20). Precisamos ter a coragem de nos opormos ao erro mesmo quando somos difamados por fazermos isso.



Declarou ter aprovação de Deus - Os assírios declararam que Deus os tinha enviado para vencer Ezequias: 

"Acaso, subi eu, agora, sem o Senhor contra este lugar, para o destruir? Pois o Senhor mesmo me disse: Sobe contra a terra e destrói-a" (2 Reis 18:25).



 Os falsos mestres afirmam tipicamente que têm autorização de Deus. Nos dias de Jeremias, o falso profeta Hananias predisse com confiança a volta dos cativos e falou com autoridade pela "palavra do Senhor": 

"Assim fala o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, dizendo: Quebrei o jugo do rei da Babilônia. Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da Casa do Senhor, que daqui tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia. Também a Jeconias, filho de Jeoaquim, rei de Judá, e a todos os exilados de Judá, que entraram na Babilônia, eu tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor; porque quebrei o jugo do rei da Babilônia" (Jeremias 28:2-4).


 A ousadia e especificidade desta "profecia" tinha ares de verdade; ela foi dita no estilo das verdadeiras palavras de Deus e era por demais convincente. Mas era falsa.


Satanás é convincente e é o mestre do disfarce 
(veja Mateus 7:15-16; 2 Coríntios 11:13-15)

Ele afirma suas mentiras tão ousada e precisamente que são facilmente acreditadas. 

Precisamos não permitir que a confiança dos falsos mestres nos engane. Todos os mestres e ensinamentos precisam ser testados à luz da palavra de Deus (1 João 4:1; Gálatas 1:8-9)

Nenhum Rabsaqué que venha ousadamente afirmando que o Senhor o enviou é verdadeiramente de Deus. A Bíblia é nosso modelo e qualquer ensinamento que não está à sua altura deve ser rejeitado, não importa quão autorizado possa parecer.



Prometeu bênçãos - Rabsaqué estava tentando fazer com que os israelitas quisessem render-se. Ele poderia ter declarado que a rendição deles não levaria ao cativeiro, mas eles não teriam acreditado nele porque a política assíria de exilar as nações conquistadas era bem conhecida. Assim, ele fez uma abordagem diferente. Ele argumentou que seria um cativeiro maravilhoso do qual eles realmente gostariam! 

"Não deis ouvidos a Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as pazes comigo e vinde para mim; e comei, cada um da sua própria vide e da sua própria figueira, e bebei, cada um da água da sua própria cisterna. Até que eu venha e vos leve para uma terra como a vossa, terra de cereal e de vinho, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras e de mel, para que vivais e não morrais..." (2 Reis 18:31-32).


 Basicamente, os assírios estavam dizendo que quando os israelitas se rendessem e fossem levados ao exílio, eles o achariam um lugar maravilhoso para viverem. O cativeiro seria mais ou menos uma estada numa idílica estância de férias.


O diabo ainda tenta fazer o pecado e suas conseqüências parecerem atraentes. Seu ardil mais velho é negar o castigo pelo pecado e exagerar os benefícios dele (veja Gênesis 3). 

Pense nos anúncios da televisão promovendo bebidas alcoólicas: eles nunca mostram o bêbedo trombando seu carro, destruindo sua família ou morrendo de doença do fígado; em vez disso, mostram a glória, o encanto e o prazer. Satanás faz isto com todo pecado. Ele recorta cuidadosamente a fotografia do pecado para que mostre somente os aspectos mais atraentes e não revela as amargas conseqüências. 

Conforme Pedro escreveu: "prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção..." (2 Pedro 2:19).


Solapou a fé - Os assírios buscavam corroer a confiança do povo no Senhor. 

"Não vos engane Ezequias, dizendo: o Senhor nos livrará. Acaso, os deuses das nações livraram cada um a sua terra das mãos do rei da Assíria? Onde estão os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Acaso, livraram eles a Samaria das minhas mãos? Quais são, dentre todos os deuses destes países, os que livraram a sua terra das minhas mãos, para que o Senhor livre a Jerusalém das minhas mãos?" (Isaías 36:18-20).

 Era irônico que Rabsaqué argumentasse deste modo, porque ele tinha acabado de afirmar que o Senhor era aquele que o tinha enviado a conquistar Jerusalém. Mentirosos precisam de boa memória!


Satanás quer influenciar-nos a crer que o Senhor não é confiável, que os meios de Deus não darão certo. Ele sabe que, sem confiança no Senhor, agiremos independentemente e tentaremos resolver nossos problemas sozinhos. Não admira que Paulo insistisse que o único meio para apagar as setas incendiadas do mal é usar o escudo da fé.



Continua...

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